quinta-feira, 8 de abril de 2021

 A TORQUÊS E O MARTELO

Ana Trajano


   Das aparições da Mãe de Deus registradas pelo mundo, uma das mais  comoventes é a de La Salette, na França, em 1846. Ali, nossa senhora apareceu a duas crianças, também pastores: Maximin Giraud, de 11 anos, e Melanie Calvat, de 15. 

   Nas montanhas de La Salette, em sua primeira aparição, eles a viram pela primeira vez, sentada sobre uma pedra, com as mãos na face, e chorando copiosamente. Chorava de tristeza pelos pecados dos homens, por suas ofensas a Deus e pelos castigos que viriam. Por si, essa imagem já é tocante. A eles, Maria disse que segurava a mão de seu filho, adiando esse castigo; porém, iria chegar o momento que isso não seria mais possível.

   Outro fato singular são as vestes  usadas por Nossa Senhora nessa aparição: vestido igual ao das mulheres locais, longo, com um avental à frente e lenço às costas. Usava uma grossa corrente adornada de rosas e, nos pés, flores também ladeavam seu calçado.

   Porém, chama atenção um detalhe - o mais significativo - nesses adornos descritos pelos pastorinhos. Eles contam que a Virgem Maria tinha,  ao pescoço, uma segunda corrente mais fina da


qual pendia uma cruz com um martelo pendurado em um de seus braços e uma torquês no outro.

   Indagada sobre o significado, a Virgem disse às crianças que o martelo representava aquele com o qual os homens crucificaram - e continuam crucificando - seu filho prendendo-o à cruz. A torquês, ou alicate, foi (é) a ferramenta utilizada para retirá-lo.

   Algo, como vemos, carregado de rico simbolismo. Temos esse martelo e essa torquês dentro de nós. O martelo representa o mal com o qual crucificamos  o Cristo quando deixamos que em nós prevaleça o mal sobre o amor que Ele é; quando maltratamos o Jesus que nos aparece todos os dias maltrapilho, faminto e de tudo carente, na figura do nosso irmão.

  O martelo é a violência, a injustiça, a opressão, a intolerância.O martelo prende o Cristo na cruz, mas sobretudo nos prende ao pecado por prende-Lo.

   A torquês representa o bem, o que liberta o Cristo preso à cruz. Cabe a nós decidir que ferramenta utilizar na nossa relação diária com o Cristo. Ele, como um cordeiro inocente, espera-nos. Que não sejamos seus carrascos, mas quando formos, saibamos dispor da nossa torquês, do nosso arrependimento, do nosso pedido de perdão.


  PAZ NAS REDES Ana Trajano As redes sociais transformaram as nossas vidas, é fato - tanto que já não nos imaginamos sem elas. Porém, també...