terça-feira, 20 de setembro de 2011

A VIOLÊNCIA NAS NOVELAS


 Quem assiste às novelas da Globo talvez tenha reparado que estão abusando das cenas de violência. São espancamentos, assassinatos, apedrejamentos e, até, enforcamento. Os autores, sem muito escrúpulo, lançam mão desse recurso deprimente que dá garantia de audiência. E as novelas, que consumimos como o feijão indispensável do cardápio, tem provocado indigestão, ânsia de vômito, diante de uma mídia que ao invés de usar seu poder para transformar a realidade, a piora, tornando-a mais cruel.
Banalizada, a violência nas novelas, infelizmente, não vem provocando o impacto que deveria. Essa é a nossa realidade, alguns podem justificar. Injustificável mesmo é esse fatalismo como se, personagens de uma estória, tivéssemos sido jogados em um enredo do qual não pudéssemos sair. Estória e história, eis a diferença. E a história nos tem mostrado que fatalismos não existem. Só são reais até prevalecer a nossa disposição de mudá-los. Um capítulo mais decente da história de nosso país poderia estar sendo escrito, caso os meios de comunicação adotassem a cultura de paz como política.
 É verdade  que ao nos depararmos com a barbárie mostrada nos noticiários chegamos à conclusão que o homem parece regredir a um estágio animalesco pior do que o encontrado nas savanas. Podemos argumentar, com razão, que os veículos de comunicação são reflexos das sociedades. Falta, entretanto, a pergunta complementar, essencial, definitiva: as sociedades, cada vez mais violentas, são reflexos de que, senão das selvas nas quais se transformaram? Ingredientes para a barbárie não lhes faltam: ganância, competividade, injustiças, preferência pelos mais fracos na hora de mostrar suas garras, de praticar suas violências... Na hora, enfim, de esquecer por quem dobram os sinos.

POR QUEM OS SINOS DOBRAM


Por quem os sinos dobram, de John Donne, é, certamente, um dos mais belos poemas da história da literatura. De forte conteúdo metafísico, ele expressa a complexidade desse tecido cósmico no qual tudo e todos convergem para algo único. A diversidade é apenas o reflexo, ou forma de manifestação da unidade. O uno se espalhando no verso; o verso dentro do uno. Como síntese a realidade maior: o Universo. “Um em diversos”. (Rhoden)
“Unidade na diversidade”, não é apenas uma frase bonita, um jargão da moda, mas pura manifestação de consciência cósmica. Quantos, porém, conhecem seu significado? Quantos procuram praticá-lo? Se assim o fizessem estaríamos vivendo em um mundo melhor. Estaríamos respeitando as florestas, rios, mares, pântanos. Espécies não teriam sido extintas, e outras não estariam agora correndo esse risco. Pois quando o homem adquire tal consciência, respeita tudo que compõe o mundo no qual está inserido. Ele sabe que a essência divina da criação é a mesma em qualquer criatura. E jamais indagará por quem dobram os sinos.
   O sentimento de unidade do homem com o Universo, demonstrada por John Donne, coloca-o entre aqueles poucos seres que transcenderam o limitado mundo dos sentidos, das coisas materiais, e se aventuram ao ilimitado mundo do espírito. O poema:

Nenhum homem é uma ilha
Fechado sobre si mesmo
Todo homem é uma parte da Terra
Uma partícula do Universo
Se um torrão é arrastado pelas águas
Para o mar
A Europa fica menor
Como se de um promontório se tratasse
Da casa dos teus amigos
Ou da tua própria
A morte de qualquer homem diminui-me
Porque sou parte da humanidade
Por isso não pergunte por quem
Os sinos dobram:
Eles dobram por ti.

  PAZ NAS REDES Ana Trajano As redes sociais transformaram as nossas vidas, é fato - tanto que já não nos imaginamos sem elas. Porém, també...