GAIA: DE GOETH A LOVELOCK
Ana Trajano
Com a intensidade das desordens
climáticas, muito se tem falado sobre a Hipótese Gaia na busca de explicações
para o que está acontecendo. Poucos sabem, entretanto, que muito antes de
Lovelock elaborar sua hipótese, segundo
a qual a Terra é um organismo vivo que sente e reage às agressões, Goeth, no
século XVIII, já imaginava o Universo
dessa forma. E ia mais além: via a natureza como uma totalidade orgânica em profunda
conexão com o mundo espiritual, e não apenas como um mecanismo frio e sem alma,
constituído apenas por matéria em movimento.
Na Primeira Parte do Fausto (Noite),
quando o sábio, de mesmo nome, invoca o Espírito da Terra, e é surpreendido por
ele, Goeth dá um exemplo disso: descreve este espírito como um princípio que
permeia, ou impregna, o organismo do Universo. Vejamos os versos:
“Abaixo, acima bóio,
Aqui e ali vagueio!
A morte, o nascer,
Um pélago eterno,
Tecido cambiante,
Brilhante viver”.
Assim como Lovelock, cuja teoria não
foi bem vista, Goeth também foi menosprezado pela comunidade científica da
época. Consequentemente, suas pesquisas em vários ramos (ótica, anatomia,
botânica, etc.) não tiveram a atenção que merecia. E o genial Goeth tornou-se
mais conhecido nas artes como poeta e escritor do que como o cientista que foi.
Deste, poucos conhecem. Na verdade, Goeth dava mais ênfase às suas pesquisas do
que à sua produção literária.
O homem que deu vida ao Fausto,
utilizou-se da literatura para transmitir sua cosmovisão e todo saber que
detinha em ramos do conhecimento nos quais passeou com maestria. As primeiras
páginas de sua principal obra, mostra claramente esse modo de enxergar a
natureza, que se opunha à forma mecanicista como a ciência a via- e continua
vendo. Goeth a descreve como uma teia de relações, onde tudo está conectado: se
mexemos em um fio, o conjunto será atingido. Ao contemplar o signo do
macrocosmo, Fausto afirma:
“Como tudo no todo vai fundir-se
E atuam e vivem uns nos outros
Os seres!...”
Mas nem tudo está perdido.Em “Das
Gottliche (O Divino), ode escrita pelo poeta em 1782, ele dá a receita para uma
boa convivência com a natureza, lembrando-nos que na constituição física somos iguais aos
demais seres, pois somos feitos de matéria. O que nos diferencia é que somos
seres espirituais. Concluímos que nesses dias tão difíceis, para nós e para a
mãe Gaia, o que necessitamos é conectarmos nosso espírito ao Espírito do
Universo.
“Que o homem seja nobre
Prestativo e bom!
Pois só isso
O diferencia
De todos os seres
Que conhecemos”.
Para nós, humanos, só nos resta a
saída: ou sermos “prestativos e bons”,
fazendo jus à nossa privilegiada posição, no topo da árvore da vida, ou
continuarmos agindo dentro desse enorme organismo vivo que é a Terra, como
células cancerosas, com grande poder de malignidade.
O
CORAÇÃO DA TERRA
Outro indicativo de que a Terra é um
organismo vivo em profunda conexão com todos os seres é a Ressonância Shumann.
Embora muitos não acreditem e vejam com ceticismo sua influência sobre o
meio-ambiente e os seres, ela é uma realidade física e está incluída entre as
constantes da natureza. Mas o que é e como funciona essa ressonância? Em resumo
é um campo eletromagnético existente na Terra, descoberto em 1952 pelo físico
alemão W.O Shumann. Esse campo se estende do solo até a parte inferior da
Ionosfera que em distância corresponde a aproximadamente 100 quilômetros acima
de nós.
Shumann constatou que esse campo
eletromagnético funciona com uma ressonância (batidas, pulsações) mais ou menos
constante de 7,83 hertz por segundo. Verificou-se depois que o cérebro humano e
os vertebrados funcionam nessa mesma freqüência. Fora dela as pessoas adoecem.
É o que acontece, por exemplo, com os astronautas. Sempre que em suas viagens
espaciais eles saiam dessa frequência, adoeciam. Submetidos a um Simulador
Shumann, recuperavam a saúde.
Na realidade, a Ressonância Shumann
funciona como um marcapasso, responsável pelo equilíbrio da biosfera. O
problema é que a partir da década de 80, e de forma mais acentuada, nos anos
90, essa ressonância aumentou de 7,83 hertz para 11 e 13 hertz. Isto é, o
coração da Terra disparou. Segundo Leonardo Boff, em artigo publicado no Jornal
do Brasil, em 2004, “coincidentemente desequilíbrios ecológicos se fizeram
sentir: perturbações climáticas, maior atividade dos vulcões, crescimento de
tensões e conflitos no mundo, e aumento geral de comportamentos desviantes nas
pessoas”. Outra conseqüência é a aceleração do tempo com redução da jornada de
24 horas apenas 16.

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